Leitura: The War On Women, Sue Loyd-Roberts
Sue Lloyd-Roberts morreu logo após terminar de escrever esse livro. Quer dizer, o último capítulo ficou incompleto e quem o terminou foi sua filha. Claro que a morte de qualquer pessoa é motivo para tristeza e lamentação, mas olha, pouca gente deixa um legado tão valioso quanto essa jornalista. Então pra mim, talvez seja fácil falar pois meu único vínculo com ela é o de escritora/leitora, fica algo de positivo: tudo que ela produziu em seus anos de jornalista investigativa, o que acabou culminando nesse livro maravilhoso, que nunca vai sair da minha prateleira.
Sue trabalhou por muitos anos na BBC e visitou regiões remotas e inóspitas, foi pra lugares onde repórteres e cinegrafistas não são bem vindos, peitou autoridades, conversou com vítimas e com criminosos. E, em todos esses lugares, ela notou uma coisa: que as mulheres eram constantemente mais prejudicadas. Por isso o título desse livro: war on women. Mulheres do mundo todo estão em guerra, há décadas (talvez séculos), contra a opressão misógina e patriarcal. E cada capítulo desse livro é dedicado a uma batalha. Um tipo de horror vivido por mulheres em determinadas regiões do mundo.
Não é um livro fácil, não no sentido da narrativa (que é maravilhosa, didática e dinâmica), mas no sentido dos socos no estômago que o leitor leva o tempo todo. O livro já começa com um capítulo falando sobre mutilação genital, aí passa para as avós da Praça de Maio em Buenos Aires que buscam seus netos desparecidos durante a ditadura, vai pra Irlanda contar a história das mulheres que trabalhavam como escravas em lavanderias mantidas por conventos católicos, depois muda pra Índia e Arábia Saudita - dois dos piores países para ser mulher hoje em dia -, e pra finalizar dá uma passadinha nos países do leste europeu pra falar de tráfico de mulheres, que são torturadas e obrigadas a se prostituírem para atender... preparem-se: homens em missão de pacificação da ONU.
Como eu falei no Instagram, leiam esse livro. Agora. E da próxima vez que alguém perguntar por que as mulheres feministas são bravas, você terá - infelizmente - muitas respostas.
Anotada a dica!
ResponderExcluir