1 mês

março 29, 2016 Helô Righetto 10 Comentários


Completei um mês de 'vida nova' e, apesar de ser ainda tudo muito novo, resolvi fazer um balanço. Ainda estou me adaptando a nova rotina e tentando ser o mais produtiva possível. Mas acho que a minha maior descoberta nesse último mês é que sofro de uma doença - que eu mesma diagnostiquei - chamada 'Síndrome do Assalariado'.

Eu acho que a maioria das pessoas da minha geração e com a mesma situação econômica (#classemédiasofre) devem sofrer dessa síndrome, mas nem sabem disso. Você só descobre quando tenta uma vida profissional 'alternativa', digamos assim.

O sintoma mais óbvio da Síndrome do Assalariado é a culpa. Culpa na hora que o despertador do seu parceiro toca e ele tem que ir pro escritório, enquanto você calmamente liga a televisão pra ver o jornal da manhã e toma café sentado no sofá. Culpa de ter todo o tempo do mundo pra fazer o que você quer, dentro dos seus prazos, mas sem saber por onde começar porque não tem um chefe te atazanando por email. E, claro, a maior das culpas: a culpa de sair pra tomar um café fora (porque você não aguenta mais ficar sozinho) e saber que, na verdade, quem está pagando o café é o seu parceiro, já que você está seguindo seus sonhos.

O engraçado é que ninguém joga a culpa em você. É você mesmo que cria. A culpa de não ter a carteira assinada é uma coisa que eu jamais achei que me incomodaria, mas incomoda. A minha geração foi pra escola e aprendeu que é preciso se formar e arrumar um bom emprego, pra ter uma vida estável. Eu fiz tudo isso, e agora joguei a estabilidade pela janela pra encontrar uma outra alternativa. Mas a culpa fica no meu ombro, mesmo quando eu estou produzindo e trabalhando e fazendo o que eu falei que ia fazer quando tivesse essa vida nova.

Eu estou vendo inúmeras vantagens em levar minha vida assim, mas acho importante falar das coisas ruins também. Ninguém gosta de compartilhar os baixos, mas a verdade é que eles são perigosos, e podem estragar todos os planos.

Mas vou terminar esse post com uma coisa boa: com o link de um artigo que eu publiquei no site The Pool, sobre sexismo. É a primeira vez que escrevo algo assim, fora das minhas especialidades. E, o melhor, é que fui paga pra isso! Aqui está: https://www.the-pool.com/news-views/politics/2016/12/brazil-s-dilma-rousseff-is-facing-sexism-as-well-as-possible-impeachment

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Um pouco é melhor que nada

março 14, 2016 Helô Righetto 6 Comentários

Eu já falei em algum post perdido desse blog que uma das maiores frustrações que tive quando tentei correr anos atrás foi o tal 'vício' em correr, que nunca veio. É comum a gente escutar de corredores, amadores como eu, porém com muito mais experiência e anos de estrada, que 'correr vicia'. Que, se você insistir alguns meses, não vao conseguir largar depois. E isso nunca aconteceu pra mim, e pode não acontecer pra você.

O que aconteceu comigo foi um estalo mesmo, ou como falam por aqui, um 'wake up call'. Eu não tinha outra saída: precisava me exercitar e não queria gastar dinheiro. Então, fiz a inscrição em uma corrida de 10k e tive 6 meses pra treinar. E desde então, algumas corridas depois e uma meia maratona chegando assustadoramente perto, posso dizer que pra mim correr não é resultado de um vício, é pura disciplina e amadurecimento.

Acabei criando um 'mantra' que me ajuda a sair de casa e correr: se eu fizer pelo menos 1km, é melhor do que não ter feito nada. Se eu chegar a 1km e não quiser mais correr, volto pra casa. E funciona! Correr um pouco é melhor do que não correr nada. Então é esse o conselho que eu dou: melhor sair 3 vezes por semana e correr um pouquinho do que ir uma vez na semana e correr um tantão, pra tentar deixar a 'culpa' pra trás. Seus joelhos e seu coração agradecem!


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Sortuda

março 08, 2016 Helô Righetto 4 Comentários


Há anos que eu penso em escrever esse post, e acho que não tem data mais apropriada pra eu finalmente falar sobre isso do que hoje, o Dia Internacional da Mulher.

Minha linha de pensamento mudou muito nos últimos anos, e ainda mais intensamente nos últimos meses, depois que comecei o Conexão Feminista. Antes, eu preferia não rebater comentários machistas ou fingia que não via só pra me poupar do cansaço mental de uma possível discussão. Mas eu finalmente me dei conta de que se eu não falar hoje, vou prejudicar quem estará nesse mundo daqui 100, 200 anos. Minha voz pode fazer diferença, e se uma pessoa parar pra pensar e analisar uma situação e se dar conta do machismo intrínseco no nosso dia a dia, minha tarefa está completa.

Eu tenho plena consciência dos meu privilégio como mulher branca, cisgênero, heterossexual e classe média. E com tudo isso ao meu favor, eu ainda convivo com sexismo, e tenho centenas de 'causos' para contar.

Uma das situações mais comuns são os comentários que recebo em relação ao fato do Martin cozinhar. A reação de surpresa no rosto das pessoas quando descobrem que o meu marido cozinha ('todos os dias?') é a personificação do sexismo cotidiano. 'Como você é sortuda!' é o que eu escuto sempre. Já escutei isso de amigas, familiares e gente que mal conheço.

Eu sei que na maior parte das vezes a intenção é das melhores. O Martin cozinha bem, e as pessoas querem elogiar. Mas é aí que mora o problema. Vocês viram o machismo? Ele tá escondido aí, no momento que meu marido é elogiado por fazer uma tarefa doméstica, por fazer parte do andamento do nosso lar e participar ativamente na rotina da nossa pequena família.

Essa é uma gota no oceano machista que a gente vive. Felizmente, e por causa dos meus privilégios, eu hoje em dia tenho VOZ e posso falar sobre isso. Posso botar a boca no mundo quando testemunho uma situação de agressão ou assédio. Mas muitas mulheres não podem, e no Dia Internacional da Mulher precisamos pensar em como emprestar nossa voz para elas.

Mulheres: a luta é agora!

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Vídeo da Floresta Negra

março 03, 2016 Helô Righetto 1 Comentários

Como uma boa e dedicada blogueira de viagem, fiz um vídeo sobre o nosso fim de semana na Floresta Negra (estivemos lá em fevereiro desse ano). Olha, fazer vídeo não é algo que eu adoro não - dá um trabalho do cacete: não apenas filmar durante a viagem (pelo menos essa parte o Martin se encarrega), mas editar e se entender com o programa de edição.

Mas enfim - aí está o resultado. Ficou bonitinho né?

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